Flores ao Meio Dia


Era final de manhã, ensolarada. Inicio de tarde. Helena procurava um presente para sua mãe. Andava distraída, olhando vitrines. Ao passar por uma loja, depara-se com um rapaz, que conversava com algumas pessoas.

 - “Que sorriso!” Pensou. E seguiu em busca de seu objetivo: O presente.

Mas o belo sorriso do rapaz não saia de sua cabeça...

Logo a seguir Helena entra na loja, em que trabalha Tamires, sua amiga. Uma loja de comércio têxtil.

As amigas ficam conversando. Helena compra uma calça de lã para a mãe. Ufa! Missão cumprida.

Na saída da loja o rapaz está em frente a um escritório vizinho. Helena disfarça seu interesse e continua seu percurso. O horário de intervalo do almoço está se esgotando. Logo ela terá um atendimento.

Helena é psicóloga, atende numa clínica no centro da cidade. Distante algumas quadras da loja em que Tamires trabalha. Sempre há muitos pacientes e Helena não tem muito tempo para fazer compras. 

Seu Antônio, chefe de Tamires é um senhor simpático, convive fraternalmente com suas funcionárias  zelando pelo bem estar. Faz de sua loja um ambiente familiar e acolhedor. Ele também conhece Helena.

Envolvida com seu trabalho Helena esquece a imagem do sorriso bonito.

As amigas combinam de se encontrarem para tomar um Shopp no Café da Matriz.

Quando as amigas se encontram está um lindo entardecer de primavera.

As duas caminham alegremente, conversando e não percebem que são observadas.

Jean é um advogado que se mudou para a cidade buscando novas oportunidades na sua profissão. Montou um escritório no centro, conquistou novos clientes e estava mais próximo do Fórum. Economizava tempo se deslocando entre o fórum e o escritório. Poderia atender melhor seus clientes.

Ele não tinha muitos amigos na cidade. Seu Antônio o acolheu e tornaram-se amigos. Uma amizade verdadeira. Tinham muitas afinidades. Como pai e filho. Mantinham longas conversas.

Jean era alto, moreno, sorriso fácil. Comunicativo. Quando viu Helena sentiu seu coração palpitar. Sabia que ela seria diferente. Era como se a estivesse visto em outro lugar. Não sabia explicar o sentimento. Mas, logo estaria ocupado, durante a tarde. O sentimento que aqueceu seu coração passou. –“Deve ser apenas a impressão de um solitário”. Pensou.

Ao final da tarde, quando retornava para o escritório, após uma longa e cansativa audiência viu Helena, em companhia de Tamires. – “Será que trabalha na loja de Seu Antônio? Como nunca a vi antes? Sou mesmo distraído!” Ficou ali por um tempo observando-as, dando liberdade aos seus pensamentos, enquanto as moças se distanciavam sem notar sua presença.

Passaram-se alguns dias... Helena passou a visitar sua amiga com mais freqüência. Fato que despertou a curiosidade de Seu Antônio. – ‘Helena tem se arrumado mais. Sempre arruma um tempinho para ver as novidades da loja. O que a fez despertar?” 

Conversou com Tamires e descobriu que o interesse não era na loja e sim, no moço de sorriso bonito, que sempre estava por perto quando Helena aparecia.

Jean já havia comentado com Seu Antônio seu interesse por Helena, mas como não tinham sido apresentados e ela não demonstrava nenhum interesse ao passar por ele, pelo contrário, sentia-se invisível diante dela, ele não tinha tido oportunidade em demonstrar seus sentimentos, que cresciam a cada dia. Alimentados por noites de insônia e solidão.

Helena ficava feliz em ver Jean com mais freqüência, mas disfarçava toda vez que o via com medo de parecer fácil demais. Crenças enraizadas ao longo de sua infância. “Uma moça sempre deve ser recatada”. Nas rodas de conversa da família costumava ouvir críticas sobre o comportamento de algumas mulheres.

Tamires e Seu Antônio resolveram ser ajudantes de cupido...

Tamires ligou para Helena convidando-a para ver as novidades que chegaram na loja. No horário marcado, no fim do expediente, Helena chegou. 

Jean estava lá. 

Helena quase desmaiou. Não sabia o que fazer. Mas com a experiência de sua profissão manteve a naturalidade. 

Até que enfim estava frente a frente com Jean. Sabia seu nome. O moço do sorriso bonito tinha um nome: Jean!

Helena, como sempre disfarçou seu interesse por Jean e fingiu estar interessada nas roupas.

Jean a observava, mas também manteve-se distante.

- "Já é um começo". Pensou Seu Antônio. –“ Agora posso perceber que realmente há algo muito especial entre estes dois. Preciso fazer com que se aproximem.”

Seu Antônio sabia que Helena e Jean gostavam de livros. Era o passatempo preferido dos dois. 

No fundo da loja havia uma pequena biblioteca. Eles ainda não conheciam o acervo.

Na semana seguinte Seu Antônio pediu ajuda a Tamires. Contou seus planos e convidou Helena para visitar a biblioteca. Fez o mesmo com Jean.

Quando Helena chegou foi encaminhada até a biblioteca. Tamires inventou uma desculpa e saiu, deixando Helena sozinha. 

Jean chegou logo em seguida.

Quando entrou na biblioteca encontrou Helena. 

Estavam, enfim, a sós. 

Jean ficou mudo. Um advogado, conhecido por seu legado com as palavras e argumentações, estava mudo. 

Helena começou a falar. Palavras aleatórias.

Sem que os dois percebessem uma sintonia os envolveu. Com interesses afins a conversa seguiu agradavelmente. Não perceberam o tempo passar.

Tamires e Seu Antônio os chamaram para a realidade. Era tarde. A Loja estava fechada. A noite caiu e seguiu adiantada.

A partir deste encontro, no intervalo do almoço e após o trabalho, Helena e Jean se encontravam. Não demorou muito para darem vazão ao amor que havia sido desperto neles desde o primeiro dia em que se viram.

Helena lembra daquele dia como o cheiro de flor ao meio dia. Aquecidas pelo sol...


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